O número de leitos existentes nos hospitais não é suficiente para abrigar os pacientes e projeções até 2016 indicam que o problema vai aumentar. Hospitais privados têm planos de expansão, mas a demanda continua crescendo à frente da oferta. Levantamento realizado pela Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) mostra que se o número de pessoas com plano de saúde crescer 2,1% ao ano, os hospitais precisarão ter até 2016 pelo menos mais 13,7 mil novos leitos com investimento de R$ 4,3 bilhões. Segundo 20 grupos hospitalares consultados pelo Valor, o número de novos leitos que eles planejam abrir nesse período é de cerca de 4,3 mil leitos. A projeção da Anahp é conservadora e leva em consideração o desempenho do setor de convênios médicos no ano passado, quando foi registrada a menor taxa de crescimento nos últimos sete anos - de 2,1%. Se considerarmos, a média de crescimento dos últimos cinco anos, ou seja, 4,1%, a demanda seria de 23,2 mil leitos. O investimento necessário, R$ 7,3 bilhões. O que agravou o déficit de leitos no país foi o fechamento de 286 hospitais particulares nos últimos cinco anos. "A maior parte dos hospitais fechados atendia SUS [Sistema Único de Saúde], além dos planos de saúde. Eram hospitais pequenos, normalmente localizados no interior ou periferia, que precisavam do SUS como complemento de receita", diz Francisco Balestrin, presidente da Anahp. Um dos problemas do SUS é o baixo repasse do governo para procedimentos médicos, principalmente de baixa complexidade. O SUS cobre em média apenas 40% dos custos médicos. Entre 2007 e 2012, o número total de leitos no país, públicos e privados, diminui de 453.724 para 448.954. Houve crescimento no setor público, mas os hospitais privados com fins lucrativos puxaram o total para baixo (ver quadro nesta página). O número de leitos desse segmento caiu 11,2%. No Brasil, há 2,3 leitos para cada mil habitantes, abaixo do padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabelece de três a cinco leitos para cada mil habitantes. Segundo Balestrin, uma das maiores dificuldades do setor hospitalar é a falta de acesso a recursos financeiros - associar-se a companhias estrangeiras, por exemplo, não é uma opção. A legislação brasileira proíbe a participação de investidores internacionais em hospitais, o que acaba fechando a possibilidade de captar recursos na bolsa de valores.
Data de Publicação: 29/07/2013
Fonte: Valor Econômico